Tenho uma amiga de quem gosto muito. Conheci-a em uma conferência na qual ambos éramos palestrantes. E sua apresentação foi um verdadeiro sucesso. Aplaudida de pé por todos os presentes. Nunca tinha visto um palestrante utilizar o silêncio com tamanha elegância em uma palestra! Aprendi muito com ela.
Quando a conheci, já estava muito insatisfeita com seu próprio peso acima do desejado. Era casada com um empresário bastante obeso e tinha uma vida bastante próspera.
Ficamos algum tempo sem nos ver, falávamos pelo telefone ocasionalmente.
Na última ocasião que a encontrei, estava bastante magra… E não fizera nenhum regime ou mudança de dieta, pelo que soube. A única coisa que aconteceu fora que seu marido tinha feito uma viagem de longa duração e deixara tudo por sua conta durante alguns meses. Seus hábitos mudaram muito.
Outra amiga, certa vez, participando de um seminário meu que durava seis noites, de segunda a quarta-feira, durante duas semanas, contou-me o seguinte acontecimento: há três meses, vinha fazendo noventa minutos diários de exercícios com o objetivo de emagrecer e entrar em forma para o verão seguinte.
Após esses três meses de atividades físicas regulares, desanimara ao descobrir que seu peso tinha se rebaixado apenas em meio quilo e que, duas semanas antes, num sábado, tinha passado do peso anterior num jantar de comemoração no final de ano.
No final de semana durante o curso, entretanto, faltara ao compromisso de jogar tênis comigo, pois um antigo namorado chileno havia chegado ao Brasil com um amigo. Ela convidadara-os, junto com sua filha e sua mãe, para viajarem para o litoral a fim de aproveitar o feriado prolongado.
Durante quatro dias, estivera à beira da praia comendo salgadinhos, camarão, petiscos, etc.; bebendo caipirinha, chope, cerveja, refrigerantes etc.; tomando sol, vento, mar etc.; conversando, descansando etc.; e constatara, finalmente, ao retornar para São Paulo, que seu peso tinha reduzido dois quilos. Afinal de contas, “qual é a diferença que faz a diferença”?
Em qualquer dos exemplos anteriores, uma das questões mais importantes que podemos considerar pode ser ponderada ao respondermos a seguintes pergunta: “Quem sou eu?”.
Talvez você prefira responder a outra pergunta: “Como eu sei quem sou, pela manhã, quando acordo?”. Você precisa olhar na cédula de identidade ou no espelho para se lembrar de quem é? Não.
Nós possuímos uma memória de quem somos nós. Dessa forma, nos reconhecemos em nossas formas de pensar, sentir, agir, olhar, comer, acordar, ir ao banheiro, etc. É exatamente essa memória de quem somos que, na dimensão de nossos hábitos musculares e fisiológicos, mantém nossa aparência física.
Grande parte de nossas formas de ser e de nos movimentar são aprendidas inconscientemente em nossos comportamentos familiares. Você já percebeu que os filhos andam, falam, comem de formas semelhantes aos próprios pais? Que também possuem doenças e sintomas semelhantes, de vez em quando? É quase tudo aprendido!
Talvez você discorde, afirmando que seja genético, colocando um ponto final em suas conclusões de que estou falando bobagens. Então como explicar o fato de que filhos adotivos muitas vezes se pareçam com os pais adotivos e que casais bem-sucedidos em suas vidas conjugais, após vários anos, possuam expressões faciais e comportamentais semelhantes?
Grande parte do que somos aprendemos inconscientemente de nossos pais ou mestres: movimentos, gestos, tensões e hábitos musculares, expressões faciais e a própria forma de respirar, postura, forma e tempo de se alimentar, o que comer, o que e quando beber, fumar etc.
Assim, um processo de transformação que mude nossa forma física é algo muito mais amplo do que simplesmente aumentar ou diminuir o nosso próprio peso.