[trecho do capítulo Introdução do livro Inteligência Relacional, página 13, publicado em janeiro de 2022]
Um dia você foi uma criança que gostava de brincar e se divertir. Talvez possuísse alguns brinquedos ou brincadeiras que o(a) entretinham por horas a fio. Conforme foi crescendo, até mesmo aqueles brinquedos e/ou brincadeiras mais interessantes da época, podem não absorver mais a sua atenção como antes.
Quando adolescente, talvez gostasse de passear, namorar, ir a shows, frequentar festas, andar de bicicleta ou de moto, fazer hora em bares, viajar, paquerar etc. Ao longo do tempo, porém até mesmo os melhores hábitos da adolescência, desejos e interesses podem ter mudado, ao entrar na juventude ou na fase adulta.
Quando adultos, seja pela necessidade de sobrevivência, pelo desejo de constituir família, ficar rico ou adquirir poder e fama, mais uma vez, nossos interesses mudam e os “brinquedos” e brincadeiras que nos divertem são outros.
Se você assumir isso como uma generalização, essa tendência natural de as fases de vida sucederem-se umas após outras, poderá facilmente prever que, em breve, mais uma vez, novas transformações virão pela frente, a não ser que tenha ficado aprisionado(a) a alguma identidade do passado.
Simbolicamente falando, eu poderia afirmar que aquela criança que você foi na infância morreu!
Isso aconteceu naturalmente, sem dramas, para dar lugar ao adolescente.
E o adolescente que você foi também já pode ter morrido para permitir que nascessem o jovem e posteriormente, numa nova transição, o adulto. Trata-se das variadas transições de fases de vida.
Perceba que nós morremos e renascemos várias vezes, metaforicamente falando, exceto quando nos apegamos demais a determinadas formas de ser desatualizadas, inadequadas para etapas subsequentes.
Se você já pressentiu a morte ou teve sonhos de tal natureza, sabe muito bem ao que me refiro. Tendemos a representar mudanças profundas como mortes metafóricas, quando estamos diante de uma transição de fase. Isso pode ser experimentado em estados de vigília para portadores de síndrome de pânico.
Em geral, são sonhos ou pressentimentos que anunciam algumas grandes transformações da vida, conscientes ou inconscientes, enquanto as mudanças interiores dão lugar a novas identidades, como a lagarta que se transforma em crisálida para depois se tornar borboleta.