Lembrando o que comentamos no artigo anterior sobre controle de peso, terminamos propondo o exercício de começar uma refeição com uma garfada especial, aquela cuja mastigação e salivação estão destinadas a você sentir completamente o sabor do alimento que come, como se fosse um(a) degustador(a) de uma iguaria especial.
Bem, quando você criar este hábito, propomos que você gradualmente vá fazendo isso com as garfadas seguintes… Faça isso também com a segunda e, quando se acostumar, inclua a terceira, até que crie o hábito de saborear toda uma refeição! Isso tornará sua refeição mais lenta e bem mais saudável.
As consequências imediatas disso é que você mastigará melhor os alimentos e, portanto, os salivará melhor também. Quando fazemos isso reduzimos a formação de gases, a sobrecarga do organismo em digerir os alimentos e a má digestão. Só isso já é uma grande transformação em seus hábitos e na absorção dos nutrientes.
Grande parte dos carboidratos ingeridos sem da devida salivação, fermentarão no nosso sistema gástrico, gerando vários inconvenientes. Esse é o hábito mais importante. Dessa forma você pode continuar a comer o que sempre comeu, porém dessa nova forma.
Assim que consolidar esse novo hábito, temos mais algumas dicas para você melhorar ainda mais sua alimentação…
Com uma pitada de irreverência, um de meus grandes mestres afirma convictamente que a Natureza é muito sábia. Afirma que o nariz humano está localizado acima da boca para poder cheirar (farejar) o alimento que entrará no corpo, ou seja, que será ingerido. Caso contrário, o nariz teria seu lugar na base da coluna vertebral, para cheirar os alimentos que saem do corpo.
Irônico, não? De fato, se observarmos com cuidado, lembraremos que o homem é o único animal que não cheira o que come (apesar de estar preparado para isso) – consideram falta de educação. Já fui ameaçado de ser privado de uma refeição, por uma cozinheira, se continuasse a cheirar a sua comida!
Na prática, ao sentirmos o aroma do alimento, informamos ao nosso organismo que tipo de enzimas (em nosso suco gástrico) deverão ser produzidas para digerir aquele alimento. Além disso, recebemos imediatamente uma mensagem, na forma de sensações, se devemos ou não comer aquele alimento naquele momento.
Eu, por exemplo, adorava doces (tive até o apelido de “Formigão”), porém, existem ocasiões nas quais não suporto ingerir doces – o meu organismo me diz quando é adequado ou não. Eu também adorava leite e seus derivados, mas tinha uma série de problemas de saúde para os quais não havia solução definitiva. Como tinha o hábito de consumir muitos derivados de leite, levou muitos anos para descobrir que tal alimento era veneno para mim. Isso também aconteceu com refrigerantes, café e alimentos ácidos, entre muitos outros. Portanto devemos encontrar uma forma de nos comunicar com nosso organismo para sermos capazes de descobrir quais alimentos são adequados para nós, individualmente falando.
Conforme você aprender a sentir o sabor do alimento e criar o hábito de cheirá-lo antes de comer para descobrir se ele é adequado para você num determinado dia, perceberá que sua saúde melhorará. Então há outra dica valiosa. No entanto ela só é possível se você desenvolver primeiro as duas anteriores: saborear e cheirar.
Normalmente fazemos o nosso prato em cada refeição de acordo com os nossos próprios hábitos de saber o quanto comemos, sem levar em conta que o organismo necessita quantidades diferentes de alimentos dependendo do dia, da hora e do próprio alimento. Quando você tiver o novo hábito de saborear uma refeição completa, notará que em algum ponto de sua refeição o gosto dos alimentos muda! Sim, normalmente não estamos atentos a isso devido à velocidade com que comemos.
Ao comer mais lenta e cuidadosamente, o seu organismo terá tempo para comunicar que já está apropriadamente satisfeito. Quando ele chega à saciedade, o gosto do alimento e o seu cheiro apetitoso mudam subitamente – este é o sinal de que já não precisa comer ou beber mais. Você pode até ignorar o sinal, mas saiba que o restante pode não ser processado adequadamente. Isso acontece sempre que você ingere algum alimento ou bebida. Evidentemente a mudança não é no alimento, mas sim no seu paladar, isto é, na sua percepção do alimento: num determinado momento, há alterações no sabor e no cheiro e, por mais agradáveis e saborosos que fossem no início, subitamente deixam de ser!
Leve isso em conta na próxima vez como um sinal de que a quantidade ingerida chegou ao seu limite. São pequenas percepções como essa, na própria linguagem dos sentidos e sensações, que temos à nossa disposição para tomarmos decisões a respeito da forma de nos alimentarmos.
Um dia, conversando com um amigo, soube que ele considerava ter um problema sério de obesidade que o incomodava sempre que se “descuidava de si mesmo”. Devia manter uma preocupação constante com sua forma física, caso contrário, engordava.
Quando lhe contei que sua obesidade ocasional mais parecia ser um mecanismo inconsciente de controle de estresse, percebi por sua expressão não verbal que havia ressonância inconsciente.
Ou seja, todas as vezes que começava a engordar, era por intensa atividade profissional e consequente descuido de seus hábitos e rituais de descanso e de autoestima. Imediatamente, soava um “alarme” na consciência (na forma de aumento de peso).
Quando seu peso e aparência atingiam um limite estabelecido como máximo (“tantos quilos”, “tanta barriga”), neste momento, incomodado, automaticamente passava a se responsabilizar por mudar. Começava a se cuidar e, novamente, emagrecer. Aliás, como bom empresário, passava a vida engordando e emagrecendo, num ciclo quase interminável.
Essa história ilustra o complexo jogo de forças dessas dimensões de nossa mente inconsciente que nos conduz por nossas decisões e caminhos de como nos comportar. Muitos, talvez, vistam a carapuça.